Principais classes de solos do Brasil

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LATOSSOLO FERRÍFERO


Igo F. Lepsch


Identificação no campo:
Este solo tem ocorrência restrita a áreas elevadas (próximo de 900 m de altitude), no quadrilátero Ferrífero e em Itabira (MG), principalmente. Apresenta textura argilosa ou muito argilosa ao longo do perfil e cor vermelho-púrpura. Possui atração magnética muito forte e comumente concreções de ferro na massa do solo.


Potencialidades:
A saturação por alumínio é reduzida em profundidade e, por ser profundo, não há restrição, sob o ponto de vista físico, ao enraizamento em profundidade.

Limitações:
Normalmente são distróficos ou ácricos, condições que limitam o enraizamento sob o ponto de vista químico. Em condições naturais, os teores de fósforo e micronutrientes são reduzidos. Outras limitações: suscetibilidade à erosão e baixa quantidade de água disponível às plantas.


LATOSSOLO ROXO


Francisco C. Mainardes da Silva


Identificação no campo:
Na paisagem ocorre em relevo plano ou suavemente ondulado e sua cor avermelhada é bastante homogênea em profundidade. O teor de argila é quase o mesmo ao longo do perfil, o que pode ser estimado mediante a sensação ao tato da amostra molhada, ou seja, há semelhante pegajosidade da amostra de solo tanto da camada superficial como da subsuperficial. Outro procedimento de campo refere-se à estimativa do teor de óxido de ferro total, utilizando-se um ímã, no qual verifica-se a aderência de partículas de solo, inclusive na região central do ímã.

Potencialidades:
O relevo plano ou suavemente ondulado favorece muito a mecanização agrícola. Este tipo de relevo, aliado às boas condições físicas (solo profundo, muito poroso, de textura homogênea ao longo do perfil) condicionam maior resistência à erosão. Por serem solos profundos, não há impedimento físico ao desenvolvimento do sistema radicular em profundidade, e este enraizamento é mais abundante se o solo for eutrófico. Conseqüentemente, o vigor da planta é maior, o que é importante para superar possíveis condições adversas de falta de água durante o "veranico".

Limitações:
O enraizamento em profundidade é muito limitado se o solo for álico, pois então será grande a concentração de alumínio tóxico (a reduzida quantidade de cálcio limita a exploração radicular no horizonte B). Se o solo for ácrico, o enraizamento em profundidade será limitado, porém, não tanto quanto no solo álico. Isso ocorre porque no ácrico a concentração de alumínio tóxico não é tão elevada. A quantidade de água disponível é baixa, em especial se o solo for ácrico, porque são solos extremamente intemperizados e, como conseqüência, há elevada microagregação, o que tem reflexo na rápida percolação
da água. Em condições naturais, os teores de fósforo (P) são baixos e necessitam ser elevados através da adubação. Por serem solos bastante suscetíveis à compactação, recomenda-se reduzir o tráfego de veículos, além de se evitar a aração e a subsolagem quando o solo estiver muito úmido.


LATOSSOLO VERMELHO ESCURO


Pablo V. Torrado


Identificação no campo:
Sua ocorrência é predominante no relevo plano ou suavemente ondulado. A cor vermelha é uniforme em profundidade, e a textura pode ser média, argilosa ou muito argilosa. Quando apresenta textura argilosa ou muito argilosa parece muito com o Latossolo Roxo, e pode-se diferenciá-lo no campo mediante o emprego de um ímã. No Latossolo Vermelho Escuro a atração magnética é baixa/média e, em geral, verifica-se que o centro do ímã não é totalmente preenchido com partículas do solo, enquanto no Latossolo Roxo a atração é alta, ficando o centro do ímã totalmente preenchido pelas partículas.

Potencialidades:
O relevo plano ou suavemente ondulado onde ocorre permite facilmente a mecanização agrícola, e por ser profundo, poroso ou muito poroso e se for eutrófico existem condições adequadas para um bom desenvolvimento radicular em profundidade.

Limitações:
O potencial nutricional dos solos álicos é bastante reduzido, pois existe a "barreira química" do alumínio que impede o desenvolvimento radicular em profundidade. Se o solo for ácrico, existe também uma "barreira química", no caso devido mais aos baixos valores da soma de bases (especialmente cálcio) que à saturação por alumínio, que não é alta. Outra limitação refere-se à baixa quantidade de água disponível às plantas, geralmente constatada. São solos que, em condições naturais, apresentam baixos níveis de fósforo. Haverá problema de compactação não só se a textura for argilosa ou muito argilosa, mas também se a textura for média, especialmente se o teor de areia fina for elevado.


LATOSSOLO VERMELHO-AMARELO


Pablo Hélio do Prado


Identificação no campo:
O relevo onde ocorre é predominantemente plano ou suave ondulado, morfologicamente apresenta cor amarelada homogênea em profundidade, e pode apresentar textura média ou argilosa ou muito argilosa.

Potencialidades:
O relevo plano ou suavemente ondulado onde ocorre permite facilmente a mecanização agrícola. Por ser profundo, poroso ou muito poroso e se for eutrófico, há condições adequadas para um bom desenvolvimento radicular em profundidade.

Limitações:
Se for álico, ou distrófico, ou ácrico, haverá limitações de ordem química em profundidade, que
restringem o desenvolvimento do sistema radicular.
Em geral apresenta baixa quantidade de água disponível às plantas.
Em condições naturais os teores de fósforo são baixos e devem ser elevados através da adubação.
Outra limitação refere-se à compactação não só se a textura for argilosa ou muito argilosa, mas também se a textura for média, especialmente se o teor de areia fina for alto.

LATOSSOLO AMARELO


Marcio Rossi


Identificação no campo:
Observando-se a paisagem, nota-se sua ocorrência no relevo plano ou suavemente ondulado. A cor amarelada é uniforme em profundidade o mesmo ocorrendo com o teor de argila. A textura mais comum é a argilosa ou muito argilosa. Outro aspecto de campo refere-se à elevada coesão dos agregados estruturais.

Potencialidades:
O relevo é favorável à mecanização agrícola e não favorece a erosão.

Limitações:
O enraizamento é limitado em profundidade por ser álico ou distrófico, e também devido à elevada coesão dos agregados, pois o solo é muito duro ou extremamente duro no estado seco. Os problemas de compactação limitam ainda mais a utilização deste solo.

LATOSSOLO BRUNO


João Kerr


Identificação no campo:
Ocorre principalmente nas áreas elevadas dos planaltos do Sul do Brasil, onde a altitude supera 800 m
(clima frio e úmido).
A textura é argilosa ou muito argilosa ao longo do perfil, sendo que o horizonte A é relativamente escuro,
ocorrendo sobrejacente ao horizonte de cor brunada.

Potencialidades:
Por ser profundo, e muito poroso em condições naturais, não existe limitação física do solo para o desenvolvimento radicular em profundidade.

Limitações:
São solos distróficos ou álicos, portanto, é baixo o potencial nutricional em subsuperfície, o que limita o enraizamento, que é mais comprometido ainda devido à baixa quantidade de água disponível às plantas.

LATOSSOLO “VARIAÇÃO UNA”


Pablo V. Torrado


Identificação no campo:
Ocorre em relevo plano ou suave ondulado ou até no relevo pouco mais acidentado. A textura é argilosa ou muito argilosa e homogênea ao longo do perfil. A cor do horizonte B é amarelada ou alaranjada e uniforme em profundidade. É comum a ocorrência de concreções de ferro na massa do solo.

Potencialidades:
Se o relevo for plano ou suave ondulado, o processo erosivo é minimizado e, por ser profundo, tem-se condições de enraizamento em profundidade (considerando-se o aspecto físico do solo).

Limitações:
Subsuperficialmente pode ser distrófico, álico ou ácrico, que são condições que dificultam o enraizamento
em profundidade, principalmente se for álico.
O baixo teor de água disponível também compromete o enraizamento.
Apresenta grande suscetibilidade à compactação.

TERRA ROXA ESTRUTURADA


Ricardo Coelho


Identificação no campo:
Ocorre predominantemente em relevo ondulado, apresenta cor avermelhada uniforme ao longo do perfil e textura argilosa ou muito argilosa, tanto no horizonte A como no horizonte B. O horizonte B apresenta estrutura prismática ou em blocos subangulares, forte ou moderadamente desenvolvidos, além da presença de cerosidade facilmente reconhecida.

Potencialidades:
Quando eutrófico, o horizonte B permite adequado enraizamento em profundidade, o que também é favorecido porque o solo geralmente é profundo. Apresenta teores de micronutrientes relativamente elevados.

Limitações:
O relevo favorece a erosão do solo, portanto, a conservação do solo merece os devidos cuidados. Há maior limitação para o desenvolvimento radicular em profundidade se o solo for álico devido à alta saturação por alumínio (no solo distrófico a limitação é menor). A baixa quantidade de água disponível constitui outro fator limitante. Solo suscetível à compactação.

TERRA BRUNA ESTRUTURADA


Embrapa


Identificação no campo:
Normalmente ocorre em relevo ondulado ou fortemente ondulado, em locais de clima subtropical. A textura em geral é argilosa ou muito argilosa e a coloração do horizonte B é brunada.

Potencialidades:
Solo profundo com boas condições físicas para o enraizamento em profundidade.

Limitações:
Normalmente é distrófico ou álico, logo, há restrição ao enraizamento em profundidade. Problemas de
compactação podem ocorrer, por isso deve-se evitar tráfego intenso de veículos.
A ocorrência de geada com certa freqüência constitui outra limitação.

PODZÓLICO VERMELHO ESCURO


IAC


Identificação no campo:
Em geral ocorre em relevo ondulado e normalmente o teor de argila no horizonte B (de cor vermelha) é bem maior do que no horizonte A. Esse incremento de argila pode ser percebido sem dificuldade quando se faz o exame de textura, especialmente se ocorrer o caráter abrupto.

Potencialidades:
Se for eutrófico, há boas condições para o enraizamento em profundidade.

Limitações:
Caso seja distrófico ou álico, existe a restrição do desenvolvimento radicular ao longo do perfil. A compactação é uma limitação se a textura do horizonte A for média ou argilosa, principalmente. Outro aspecto refere-se à erodibilidade, devido ao relevo geralmente movimentado, e à ocorrência do caráter abrupto.

PODZÓLICO VERMELHO-AMARELO


Marcio Rossi


Identificação no campo:
Geralmente ocorre em relevo ondulado ou forte ondulado, apresenta cor amarelada ou vermelhoamarelada
no horizonte B, o qual em geral apresenta maior teor de argila do que o horizonte A. Normalmente apresenta cerosidade, especialmente se a textura for argilosa ou muito argilosa.

Potencialidades:
Se for eutrófico, há condições favoráveis para o enraizamento ao longo do perfil. Outro aspecto favorável ao enraizamento ocorre por ser solo normalmente profundo.

Limitações:
Os aspectos da paisagem e do próprio solo contribuem para que o processo erosivo se constitua no fator
dos mais limitantes, pois o relevo é movimentado e o solo apresenta gradiente textural (média do teor
de argila do horizonte B dividido pela média do teor de argila do horizonte A) em geral alto,
especialmente se ocorrer o caráter abrupto, ou seja, se o teor de argila do horizonte B for muito maior
do que no horizonte A na região de contato entre estes horizontes.
Se for álico ou distrófico, há baixo potencial nutricional no horizonte B.
Baixo teor de água disponível às plantas se a textura do horizonte A for arenosa.
Solo sujeito `a compactação se o horizonte A for especialmente de textura média ou mais argilosa.

BRUNO NÃO CÁLCICO


José C. de Araújo Filho


Identificação no campo:
Geralmente este solo ocorre em relevo suave ondulado, é raso, ou seja, a soma dos horizontes A e B raramente ultrapassa 1 m de profundidade, e apresenta usualmente a mudança textural abrupta. O horizonte B é de cor vermelho-amarelado.

Potencialidades:
Apresenta o caráter eutrófico, assim, a alta saturação por bases no horizonte B favorece o enraizamento em profundidade. Outro aspecto refere-se à presença de minerais primários facilmente intemperizáveis (reserva nutricional).

Limitações:
Se a quantidade de pedras for alta no horizonte A a mecanização agrícola é dificultada. Devido à mudança textural abrupta a erodibilidade é elevada. Há também a limitação quanto à água disponível no solo, e esta limitação é maior se o solo ocorre em locais mais secos (clima semi-árido). Solo sujeito à compactação.

BRUNIZEM AVERMELHADO


Marcio Rossi


Identificação no campo:
Geralmente ocorre em relevo ondulado ou fortemente ondulado. A soma da espessura dos horizontes A e B em geral não supera 100 cm. O horizonte A é escuro e relativamente espesso e o horizonte B possui estrutura prismática e/ou subangular e/ou angular. O gradiente textural entre os citados horizontes geralmente é baixo.

Potencialidades:
O caráter eutrófico é bastante acentuado, logo, as condições para o enraizamento em profundidade são muito boas, principalmente se a profundidade do solo for adequada.

Limitações:
O risco de erosão é grande neste solo, apesar de ser de textura argilosa ou muito argilosa.
Outro aspecto refere-se à dificuldade no preparo do solo devido a sua consistência muito dura no estado
seco, além da mecanização agrícola dificultada quando o declive é mais acentuado.
Solo sujeito à compactação.

PLANOSSOLO


José L.I. Demattê


Identificação no campo:
Geralmente ocorre nos terraços de rios ou riachos ou no terço superior de encosta, portanto, pode apresentar ou não hidromorfismo. A mudança textural abrupta entre os horizontes superficial e subsuperficial é facilmente constatada mediante o exame de textura.

Potencialidades:
Se for eutrófico, haverá condição favorável ao enraizamento em profundidade.

Limitações:
Devido ao alto gradiente textural entre os horizontes superficial e subsuperficial é grande o risco de
erosão. Se o solo for álico ou distrófico existe a limitação quanto ao enraizamento em profundidade.
Se o solo apresentar fração argila com CTC elevada ocorrerá alto grau de adensamento, e essa condição
dificulta muito o enraizamento em profundidade.
Solo sujeito à compactação.

SOLONETZ SOLODIZADO


Igo F. Lepsch


Identificação no campo:
Ocorre em geral nos terraços de rios e riachos, portanto, em áreas de topografia suave. É marcante a diferença no teor de argila entre os horizontes superficial e subsuperficial, o que é percebido com facilidade no exame de textura do solo. No exame de barranco ou trincheira, nota-se a estrutura colunar típica deste solo.

Potencialidades:
A reação do solo é neutra ou alcalina no horizonte B.

Limitações:
O gradiente textural elevado causa grande suscetibilidade à erosão, também favorecida pela baixa permeabilidade do horizonte B, devido a alta concentração de sódio. Outras limitações podem, ocorrer, como o solo apresentar o caráter salino concomitantemente com a elevada saturação por sódio, e a compactação do solo.

PODZOL


José L.I. Demattê


Identificação no campo:
Ocorre em relevo plano e apresenta horizontes de cores muito diferenciadas: o horizonte A1 de cor bastante escura devido ao acúmulo de matéria orgânica; o horizonte E de cor muito clara, que pode ser muito espesso; o horizonte Bh muito escuro, geralmente de textura arenosa ao longo do perfil, e o horizonte Bs de cor ferruginosa, que é resultado do acúmulo de ferro.

Potencialidades:
O relevo plano minimiza o processo erosivo.

Limitações:
O reduzido valor de saturação por bases e/ou alto valor de saturação por alumínio limitam o enraizamento em profundidade neste solo, que em geral é arenoso e possui reduzida disponibilidade de água às plantas. Solo desprovido de micronutrientes e onde o nitrato lixivia acentuadamente.

AREIA QUARTZOSA


Hélio do Prado


Identificação no campo:
Este solo ocorre em relevo plano ou suave ondulado, apresenta textura arenosa ao longo do perfil e cor amarelada uniforme abaixo do horizonte A, que é ligeiramente escuro.

Potencialidades:
Considerando-se o relevo de ocorrência, o processo erosivo não é alto, porém, deve-se precaver com a
erosão devido à textura ser essencialmente arenosa.
Por ser solo profundo, não existe limitação física para o desenvolvimento radicular em profundidade.

Limitações:
O caráter álico, ou distrófico, limita o desenvolvimento radicular em profundidade, que é ainda mais limitado devido à reduzida quantidade de água disponível (textura essencialmente arenosa). Os teores de matéria orgânica, fósforo e micronutrientes são muito baixos. A lixiviação de nitrato é intensa devido à textura essencialmente arenosa.

VERTISSOLO


Pablo V. Torrado


Identificação no campo:
A presença de fendas profundas e o microrelevo gilgai são típicos deste solo.
A consistência do solo molhado é plástica e pegajosa e quando o torrão está seco a consistência é muito
dura ou extremamente dura; no estado úmido é muito firme.

Potencialidades:
A saturação por bases muito alta favorece o enraizamento em profundidade.

Limitações:
As propriedades físicas não são boas devido à mineralogia do tipo 2:1, pois no estado seco o solo é muito consistente e no estado molhado, plástico e pegajoso ou muito plástico e muito pegajoso. Tais condições dificultam as operações mecânicas, e a presença de grande torrões não permite uma adequada mistura do adubo ao solo.

SOLONCHAK


Marcio Rossi


Identificação no campo:
Geralmente ocorre em relevo plano de várzea, por isso, normalmente apresenta gleisação. O solo fica desnudo nos locais onde a concentração de sais é elevada.

Potencialidades:
Este solo praticamente não apresenta potencialidades.

Limitações:
A concentração de sais solúveis no solo é alta e a dessalinização é difícil e cara.

RENDZINA


Igo F. Lepsch


Identificação no campo:
Apresenta a seqüência de horizontes A-C-R ou A-R, sendo o horizonte A de cor escura e o horizonte C bastante claro devido à presença de carbonato de cálcio.

Potencialidades:
Por ser eutrófico há condições bastante favoráveis para o enraizamento em profundidade.

Limitações:
O risco de erosão é grande onde o relevo é mais movimentado.
Possibilidade de ocorrerem deficiências de micronutrientes devido ao efeito alcalino (pH alto).

SOLO ALUVIAL


Pablo V. Torrado


Identificação no campo:
Sua ocorrência é próxima a rios ou drenagens no relevo plano, sendo evidentes as camadas de solo depositadas, que se diferenciam pela cor e textura.

Potencialidades:
Se for eutrófico, haverá condições adequadas para o enraizamento em profundidade, o que também é facilitado por ser solo profundo.

Limitações:
Se for álico ou distrófico haverá condições desfavoráveis para o enraizamento em profundidade. Há risco de inundação, que pode ser freqüente ou muito freqüente.

PLINTOSSOLO


José C. de Araújo Filho


Identificação no campo:
Ocorre em áreas que possuem escoamento lento de água (áreas deprimidas de relevo plano ou suave ondulado). Apresenta grande concentração de plintita (concreções ferruginosas) nos 40 cm iniciais desde a superfície, ou a maior profundidade se ocorrer o horizonte E.

Potencialidades:
Se for eutrófico haverá boas condições de enraizamento em profundidade.

Limitações:
A grande concentração de plintita na superfície limita o uso de implementos agrícolas.
Se for distrófico ou álico haverá restrição ao enraizamento em profundidade.
O teor de fósforo é baixo em condições naturais.

SOLO LITÓLICO


Pablo V. Torrado


Identificação no campo:
Normalmente ocorre em relevo ondulado ou muito movimentado.
É solo raso, e geralmente a soma dos horizontes A-Cr-R ou do horizonte A sobre a rocha não ultrapassa
50 cm.

Potencialidades:
Se for eutrófico haverá condições adequadas para o crescimento vegetal, desde que a rocha não seja muito dura.

Limitações:
O risco de erosão é muito grande devido não só a sua pequena profundidade, que limita a infiltração de água, mas também ao declive acentuado. Se for distrófico ou álico, o potencial nutricional será limitado. Baixo teores de fósforo em condições naturais.

GLEI HÚMICO


Pablo V. Torrado


Identificação no campo:
Ocorre em relevo plano de várzea. Apresenta horizonte A escuro relativamente espesso e, logo abaixo, uma camada de cor acinzentada com ou sem mosqueado ou variegado.

Potencialidades:
O teor de matéria orgânica é relativamente alto e, em conseqüência, a capacidade de troca de cátions é alta. Se for eutrófico, haverá condições bastante favoráveis para o desenvolvimento radicular em
profundidade.

Limitações:
Se o solo for álico ou distrófico, haverá limitação em subsuperfície quanto ao desenvolvimento do sistema radicular.
Devido ao nível elevado do lençol freático, há necessidade de se fazer a drenagem do solo.
Caso este solo apresente o caráter tiomórfico, recomenda-se não drená-lo. Isto porque em condições naturais a acidez é reduzida (pH em água próximo a 7,0), e quando drenado torna-se extremamente ácido
(pH em água próximo de 3,5).
O aproveitamento agrícola do solo é dificultado se o risco de inundação for freqüente ou muito freqüente.
Baixo teor de fósforo natural.

GLEI POUCO HÚMICO


Igo F. Lepsch


Identificação no campo:
Ocorre em relevo plano de várzea. Apresenta horizonte A de cor clara ou escura (se for escuro será pouco espesso). Abaixo do horizonte A ocorre uma camada acinzentada com ou sem mosqueado ou variegado.

Potencialidades:
Se for eutrófico, as condições para o enraizamento em profundidade serão bastante adequadas.

Limitações:
Se o solo for álico ou distrófico, haverá limitação em subsuperfície para o desenvolvimento do sistema radicular.
Devido ao nível elevado do lençol freático, há necessidade de se fazer a drenagem do solo.
Caso este solo apresente o caráter tiomórfico, recomenda-se não drená-lo. Isto porque em condições naturais a acidez é reduzida (pH em água próximo a 7,0), e quando drenado torna- se extremamente ácido (pH em água próximo de 3,5).
O aproveitamento agrícola do solo é dificultado se o risco de inundação for freqüente, ou muito freqüente.
Baixo teor de fósforo natural.

SOLO ORGÂNICO


Igo F. Lepsch


Identificação no campo:
Ocorre em locais muito mal drenados, onde o ambiente é hidromórfico. Apresenta camada de material orgânico, ou seja, carbono% ≥ 8 + 0,067 x (% argila), em geral nos 40 cm iniciais desde a superfície.

Potencialidades:
Se for eutrófico, haverá condições adequadas para o enraizamento em profundidade. Apresenta valores elevados de capacidade de troca de cátions (CTC).

Limitações:
Se for distrófico, ou principalmente álico, haverá restrição ao enraizamento em profundidade.
O nível do lençol freático é elevado e há necessidade de se fazer a drenagem do solo. O risco de inundação
é freqüente.
Devido ao alto poder tampão do solo há necessidade da aplicação de altas doses de calcário.
O solo pode conter compostos de enxofre (jarosita) sendo o pH próximo a 7,0. Se for drenado, passa a
ter uma condição extremamente ácida (pH ≤ 3,5).

 

 

6. LITERATURA CITADA


  • CAMARGO, M.N.; KLANT, E.; KAUFFMAN, J.H. Classificação de solos usada em levantamento pedológico no Brasil. Boletim Informativo da Sociedade de Ciência do Solo, Campinas, v.12, n.1, p.11-33, 1987.
  • CURI, N.; LARACH, J.O.I.; KÄMPF, N.; MONIZ, A.C.; FONTES, L.E.F. Vocabulário de Ciência do Solo. Campinas: SBCS, 1993. 89p.
  • EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Centro de Pesquisas Pedológicas. Levantamento exploratório-reconhecimento de solos do Estado de Sergipe. Recife, 1975. 606p. (Boletim Técnico, 36)
  • EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Serviço Nacional de Levantamento e Conservação de Solos. Definição e notação de horizontes e camadas de solo. 2ª ed. Rio de Janeiro, 1988. 54p.
  • EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Serviço Nacional de Levantamento e Conservação de Solos. Súmula da REUNIÃO TÉCNICA DE LEVANTAMENTO DE SOLOS, 10., Rio de Janeiro, 1979. 83p. (Miscelânia, 1)
  • EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Serviço Nacional de Levantamento e Conservação de Solos. Sistema brasileiro de classificação de solos (2ª aproximação). Rio de Janeiro, 1981. 107p.
  • EUA. Department of Agriculture. Keys to Soil Taxonomy. Soil Survey Staff, Soil Conservation Service, Soil Management Support Services. Blacksburg: Pocahontas Press, 1992. 542p.
  • INTERNATIONAL SOIL CLASSIFICATION. In: WORKSHOP, 8., Rio de Janeiro, 1986. Rio de Janeiro: EMBRAPA/SNLCS, 1986. 285p.
  • LEMOS, R.C. & SANTOS, R.D. dos. Manual de descrição e coleta de solo no campo. 2ed. Campinas: SBCS/SNLCS, 1984. 45p.
  • PRADO, H. Manejo dos solos – aspectos pedológicos e suas implicações. São Paulo: Nobel, 1991. 116p.
  • PRADO, H. Manual de classificação de solos do Brasil. Jaboticabal: FUNEP/UNESP, 1993. 197p.
  • PRADO, H. Solos tropicais – potencialidades, limitações, manejo e capacidade de uso. Piracicaba, 1995. 166p.
  • QUAGGIO, J.A. Métodos de laboratório para a determinação da necessidade de calagem em solo. In: REUNIÃO BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA, 15., Campinas, 1983. Anais. Campinas: SBCS, 1983. p.33-46.